domingo, 12 de outubro de 2008

Resistência ao mofo.

E ele ganhou a rua. Cada passo tomava mais fôlego eram decididos e ligeiros. Não deixava suspeita quanto à necessidade de cada um. As outras personagens que por ali transitavam não se importavam com a velocidade com que avançava os quadros, seus esbarrões tinham sua verdade transcendente. Seria tão transparente em qualquer outra circunstância? Questionava-se sobre essa verdade e por fim deixou-se abraçar por toda aquele ausência de lógica, tão pouco compreendia a real necessidade dos passos só sabia que deveria permanecer neles. E assim se guiava a partir de sua única certeza.

Ilógico. A sua nova tendência. E com ela se acostumou a tudo intragável. Seu mundo disforme virou cômodo. Os seres sem rosto ou nome já eram apenas vultos. A ilógica torna-se a nova lógica.

Agora corria, como tentando agarrar qualquer lágrima já derramada. Em busca do riso sufocado, da raiva contida na parede.

Pensou pintar o céu de vermelho, a final nada faria mais sentido que isso. Pensou expor sua dor em andaimes. Pensou um zoológico de sapiens amarrados em palavras truculentas. Sapiens amarrados sob uma meia-verdade laçados em poesias. Jurou uma fonte, não de Duchamp, uma fonte que alimentasse a sua fome. E tinha muita fome. Fome de mundo.
Julgou soberana a nação e para tal vestiu-se na bandeira e pensou voar do vigésimo terceiro andar, poupou o trânsito. Afinal o que seria dele se todos descobrissem novo método de revolução.

Correu até sucumbir. Levantou-se perseverante para gritar seus versos de fome. Prometeu poesia e se atirou, jazendo, na fotografia do jornal do dia seguinte.
Era 17 de agosto.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Consumado

Não parte de uma busca surge num café. Não vem de um desejo pré-anunciado. De um anúncio, classificado. Não é feito de bolas de sabão e flutua! Não espera que se bata na porta, mas não precisa também.
É um baque. É um parto. Uma estrela dançarina. Uma nota de rodapé.
É disso que falo, como tudo surge em sorrisos, sopros, olhares. E devora. Sossega. Desconcerta entra em sintonia;
Percebe que nada eu posso fazer?
Não existe explicação melhor, talvez sínteses melhores, menos prolixas, mas não parte de mim é uma parte. Um estado de existência que não entra em conflito, apenas àqueles de fora, para os protagonistas é óbvio demais.
É o estado de graça. E é disso que eu falo.
Não é, de longe, o mais puro e nem pretende ser, não é sensatez nem o contrário. É a vontade de se levar, de mergulhar, tornar-se trovador. A poesia a flor da pele, que versa e extravasa o traduzível, que precisa ser sinestesia, que precisa eufemismo. São os bálsamos que correm nas minhas veias e se tornam canção. Avassalador.

Um dia faço questão de ser compreendida, hoje estou punk de gritar.. afinal amanheceu um lindo dia cheirando à alegria.