domingo, 20 de dezembro de 2009

Romance

Ele me olha com paixão, a camisola de seda vinho, deixa ver minhas costas, minhas curvas, minhas coxas, eu de bruços no sofá. Beija-me inteira, a começar pelos pés, leva uma hora nisso, estou lendo o jornal. Desliza a camisola até o umbigo, fica admirando o fim das costas dando origem a bunda que forma covas, duas. Nosso delicioso silêncio.
Em pé ele me despe. Depois se despe. Nus, voltamos ao sofá, sexo. Continuo nua, a cotação do dólar subiu, o mundo está acabando, neva muito na Europa. Ele sempre se veste depois, não lhe agrada estar nu.
Sente ciúmes do sofá, do jornal, do estar nu, do jeito como lhe trato, meu desprendimento.
Chora aos meus pés, jura amor, fico em silêncio, por nós, ele se conta, se abre, implora.

Venha cá. Não precisa ir, pode dormir nos meus braços esta noite.
Te embalo com um samba e se caso uma lágrima molhá-lo, ao acaso você irá embora.
Não. Não é para sorrir com ternura, ou oferecer estes braços frágeis, você não me tem, me pertence, pertence à solidão. Você tem dois dias, três horas, é o meu máximo. Hoje tem uma noite.

Sou solidão.
Fico só, fique só, fique só comigo..

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pedra falsa

É página virada.
Disfarça,
finja que não se cansou de mim.

Acena do portão.
O sorriso alegre
disfarça o fim do verão.

Despeça do corpo,
beijo no colo;
Insosso.

Se instala.
Faça morada
Faça estrago
- Vou reter

Cansei de entreter.

Não toque,
Não arfe
É ferida aberta.
Vai vazar, vira verborragia.

Uma a uma.
São duas.
Pequena dose salgada de solidão diária.

Feche a porta ao sair, sem alarde.
Não, não espero a ligação
Já é tarde.
Não,
lágrimas são para os quem sofrem.
Isso é mais que compreensão.

sábado, 12 de dezembro de 2009

A bula

Ei, não se percebe, que tudo que se tece se desfaz?
Já se desfez.

O surto do outro é sua loucura agora. É a hora das máscaras esvaírem, são todos desesperadamente loucos. Fico sã. Fico desesperadamente sã.
Será, então, toda minha loucura de mãos dadas a caminho do cinema. – A salvação.
A loucura transviada em petição: quer o grito, o abismo, rabisco e a munição.
A minha loucura quer nome, quer bula.

Esse é o resultado, o estudo analítico. Indicações: à necessidade de sentir um vazio emocional e um acalanto na solidão da madrugada exercitar um texto (que pode ser uma lágrima) com um espaçamento que não ultrapasse toda uma estação – elas são sempre um ponto, mesmo que virgulante, de partida.

Pode causar enjôo e dores abdominais. Em caso de persistência a munição – morrer é um parto. Aos fracos a suspensão.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Fetichismo.

- Filho de uma puta!
- Vadia! Boca cheia um sopro só, curto e audível.
Eram quatro dedos que avermelhavam a cara, o último pegou a orelha e se camuflava pelos cabelos revoltos meio-úmidos. Se deixavam ouvir e ver no pátio, mas não os dedos a cara, esses parecem ser reservados.
- Minha mãe é mais homem que você, você é uma bixa! Mulherzinha. Escárnio, zombaria, tinha-o nas mãos e ria. Meu bem, mais a esquerda, cinco minutos. Meu amor, ele? Três vezes.
- Sua puta, te quebro a cara de novo! Raiva entre lágrimas.
A cena começou a ganhar observadores, curiosos e incrédulos. Uns torciam por uma revanche, queriam vê-lo ainda mais humilhado, queriam-no ajoelhado, derrotado e ela ferindo-lhe com sua libido, com seu desprendimento, despudor. Outros queriam ver oito dedos e sofriam com o absurdo.
A cena se fez sadista: os que queriam bater e os que gozavam com o sofrimento.
Saíram juntos, pouco depois, ainda na confusão. Foram antes que se juntasse uma multidão com um preferido, era necessário um equilíbrio entre os que batem e os que recebem.
Eram no estacionamento. Eram sozinhos assim que a porta do carro se fechou do mundo.
- Assim?
- Era. Confirmou extasiado.
- Vadia mesmo?
- Uma puta.
Em um único gesto abriu o zíper, tirou o pau, duro, e chupou-o.

O plano era gozar com, do público.

sábado, 28 de novembro de 2009

Conduta

Eu quero um beijo imenso onde eu possa me afogar



A sede é pra saliva.
A palavra é o grito.
Ciúme pro perfume.


Pulmão vazio pra confiar o ar.
Fôlego pra esvaziar.

Unha só pra forçar
você pra cravar

toda pressa
toda com pressa

É só impressão,
imprecisão,

não

compreensão pra convidar a ficar
Sempre pra sempre

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

In

Ela e agonia ali corroborando o texto. Não era mais ensaio. As palavras tomando o curso, que já deveriam saber decor, enchiam o discurso, fático apenas para os desavisados.
Deveria ser um só, mas não parecia argumento pertinente, precisava de elementos extralingüísticos, com eles havia maior intimidade, gostava mais deles do que de muitas pessoas, estas são difíceis de gostar.
Ela se atrapalhou na retórica. E fez a afirmação, extra-oficial, performativa.
Se não houvesse dito, agonia não seria mais existente já que seria mais fácil acreditar no próprio discurso. Mas toda aquela pragmática diz: veracidade. Não há como desconsiderar uma dessas máximas, que seja o mais lógico então: ignorar a si.

Agora sim há condições de felicidade.

Sobrou o adeus inquieto na gaveta.

A final é tudo questão de prefixo.

domingo, 22 de novembro de 2009

Coquetel

Acorda
É um devaneio!
O elefante vem logo rosa

A corda
Tira do pescoço
Mantenha o laço, menos frouxo

Vai desprender

O papo no parapeito
era o ensaio
o pas de deux

Éramos nus na chuva
Poros pela mão, no chão

Os dedos cegos
Pele braile
Sinestésico
Anestésico

Sexo a soslaio
A sós
Vai desaprender

A fruta é verde
Cai ao pé
É morte

Tira
a endorfina
a ergotamina
e atira

O sadismo desprendido:
Amordaça
A mortalha

Ri
Enquanto é condenação
Solidão, solidão

Janela aberta
Pulso aberto
É tudo rubro

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Constativo.

¿ llegó la hora, vamos andar, recorrer el tiempo?

La primavera si fue y usted ressurgiu. El sol seca, rápidamente, y el tiempo se derrete.
El tiempo está acabando y nosotros aquí, olvidados. Nos avisaron del fin del tiempo, de más otro verano. ¿Llegaremos al tercer?

No si hay samba, si tiene un tango.


Tristemente samba, febrilmente tango.


(para siempre la canzone per te)

domingo, 15 de novembro de 2009

Repente

A flor? Amor-perfeito.

sábado, 14 de novembro de 2009

Repente

- Hey, vamos!

Pegou pela mão o passeio foi longo.Grama, abriu o livro. Foi aí o descuido. Teve riso e o sorriso brotou. A flor? Amassou. Agora é ferida aberta.

Prefixos.

A poesia fica forte no desencontro. Mas era os dois em momentos iguais: ambos queriam coisas diferentes.

Mas veja: o sorriso pode ser só o primeiro. Depois é riso, sexo. O riso é calo, sorriso é dor.
Sorrir é da piada sem graça, é o estado de graça. É a diversão discreta, calada.
Rir é boca cheia, perna aberta. É a diversão que não consegue reduzir o volume, safada.

Riso vira só. Riso vira sorriso. É chamar pelo começo do nome a primeira vez. Sorriso é maior chance de virar pó. Sorriso vira logo poesia, verso primeiro tímido é depois obra prima.

O riso é o acordo. O andar solto, o ritmo solto.


Aos tímidos a inveja! É tudo riso.



Já pra manhã guardei o meio-sorriso, meio só, no meio do meu riso.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A um ausente

O quarto foi tomado pela escuridão. Ficou vedado, de luto, respirava com dificuldade, com o conforto do travesseiro gelado. Isolado – acusticamente - à distância da caixa de entrada.
Um dia teve fome. Comer a presença.
Teve sede. Secar a fonte.

Num dia de tempestade a água transbordou as frestas da janela, esquecida semi-aberta, os olhos embargados insistiram uma prensa.
Ventou, um dia. Foi uma brisa leve, coçou o nariz e franziu a testa.
Uma manhã a luz entrou pelo vão da porta intrusa, distraída, ganhou um sorriso.

O vazio do quarto expulsa, impõe regras, impede o sono.

O riso veio antes do esperado, melhor que o esperado e mais desesperado. Aflito, afinal, com o novo efeito, o futuro do desfecho, o que fazer com as intenções primeiras? O que fazer dos planos, dos dias investidos no espaço?

Perdi a chave. E agora a confusão das cores faz efeito hipnotizante, não há como convidá-las a uma lógica que abrigue os dias no espaço.



Você ainda tem a receita, podemos jantar se prometer não apagar a luz ao sair.

domingo, 1 de novembro de 2009

Recado

Dera mais um passo. O próximo seria decisivo.
Espiou. Tudo convidava, o mundo falava com ele e o esperava em festa. Eram tantas as cores, deixou o vento farfalhar os cabelos, fechou os olhos e avançou com os braços, os dedos formigavam, o coração palpitou. A certeza era ali: a lucidez às avessas.
Ela avisou: Só precisa mais um.
O belo do dia é morte. A noite tudo ri, o beco camufla o fundo.
O silêncio risca o vinil e os poros da pele, a música confunde e dança - só - nos lábios semi-abertos. O silêncio insiste um gemido, a cabeça propõe uma volta, até de manhã.
O salto é mortal.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Po(e)Mar.

A primeira poesia é como caminhar na praia às seis, sem banhistas, quase noite, quase dia. O vento tocando os cabelos, livrando a cara, o pé pisando a areia, quase fria, quase quente. O vestido ritmado dançando sozinho o ar, sem óculos escuro, fina camada de protetor. A areia, branca, seca, solta as mãos, dentro das mãos, não vaza, não promete. O sol surg(indo). O descontrole, a inquietação discreta. A intimidade: a imensidão e eu.
A primeira poesia é como o primeiro beijo: a hesitação primeira.
É como o primeiro sexo: a excitação primeira.
A poesia, primeira como o orgasmo, como o sexo, como o beijo, como o tapa na cara e o cuspe no chão.
É, sempre, vinda do chão e do fetiche de fazê-la sopro na nuca. O fetiche de fazerem amor, fazerem ideal, isso, é prosa. Aquilo? É pele, a tela, sopro, melodia.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Trovador

É afetar a moral – foi quase feliz.
O plano não era esse.. o plano? Poesia.

A vida esgotara toda prosa possível, não restará mais fôlego. O surto é alucinado, curto, que a intenção é outras estéticas e a atenção se lança a outras frestas.
Os sopros ficaram roucos, os suspiros loucos.

A sala tá vazia agora.

]Lá fora a noite soletra o primeiro verso.[

[E já é quase um poema.]

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

É sobre sexo.

Sempre foi. E combinaram que seria pra sempre. Sexo. Pra sempre.
Deixou de ser. Sexo. Sempre. Foi pra sempre.
Virou. Foi. Conversa de fim de tarde. Conversa de madrugada. E sempre.
Não era. Só sexo. Era a tarde. A larde.
Era tarde. Foi sexo. Foi.
Não era. Por hora foi. E pra sempre.
Ficou. Ela foi. Morta.
O pra sempre. De sempre. Foi. A. Mortalha.

sábado, 10 de outubro de 2009

Do antes e adiante.

Só sobrou apagar a luz. Foi a última a sair. De tudo aquilo que chamaram de lar restara apenas o calendário na cozinha, este ninguém quis levar. Brigaram pela tevê, dvd, o som. Ninguém quis a cama, virou presente. Ela quis as fotos, do tempo que ainda era bom, o jeito dele dizer o mesmo foi furtar-lhe o caderno de desenhos, do tempo de bar, de desenho em guardanapo, de beijo vermelho no espelho formando moldura, o jeito de matar a saudade de um dia de ausência.
Ele arrumou os DVDs, os vinis, os CDs. Deixou pra ela os favoritos, era o jeito de dizer: não há mais tempo..
Ela pegou o primeiro livro dado de presente a ele, que veio sem dedicatória, e pintou: e todo o pra sempre que nos for permitido. Foi o jeito de dizer ‘fizemos o possível’.
Era tudo eles, o quarto, a cama, a sala, a cozinha. Era eles desistindo.
Era eles a cinemania. Era eles a musicmania.
Faziam tanto sentido um pro outro, que ninguém teve tempo de questionar. E por um instante esqueceram o mundo. O mundo e todo momento de antes e tudo que seria depois de antes e do que seria de antes do instante e resolveram que eram felizes – o erro crasso. Pecaram por não serem medíocres, por sonharem um dia, por não se limitarem a um primeiro encontro, mas por escolherem todos como primeiro.
E um dia o que era lógico passou a incomodar e resolveram questioná-los, eles tentaram alegar ilógica dentro de uma lógica só deles. E bastava. E então se acharam injustos e infiéis, descobriram que não havia nada que justificar, depois de terem feito isso tanto, e agora sobrara o calendário na parede. O que sempre sobra; os dias de antes.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Amar(go)

Cá estou doente, manda urgentemente algum cheirinho de alecrim.

Não há mais o quê dizer.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Poema de amor.

- A merda!
- Vá te embora com aquela puta! Sua bixa.
Isso era mais que a paciência suportava. Ia mostrar a ela.
Agarrou-a pelos cabelos. Bixa não. Era raiva, era cansaço.
Safada, riu, encheu a boca, cada letra um prêmio, um gozo: Bixa.
Pego-a ali mesmo, na cozinha. Ela gritou, gozou.
A cada riso era mais raiva, mais asco. Não era tesão, não tinha outra. Ela era outra, ela era o escárnio, ódio, o nojo.
Não sabiam, mas namoro que retorna derrama.
Queria feri-la. Queria o namoro de fim de semana, a transa da madrugada, queria.. o namoro que traz verão.
Terminou o serviço, quis cuspir de nojo. Ela ia gostar.
Prometeu lhe uma surra, ela gemeu.
Pegou a carteira, disse que não voltava, a gritaria recomeçara, eram lágrimas, ela enlouquecerá.
- Eu morro. Te mato desgraçado e depois me mato também!
- Não agüento mais você Luiza. Não há mais respeito.
- Mato ela também!
Ganhou a rua, deixou o frio e nenhuma lágrima, essas ficaram pra ele.

Não lhe valeu.

sábado, 12 de setembro de 2009

O tempo que se tem

Ela era daquelas típicas senhoras. Nascera condenada ao mesmo destino de tantas outras: tornaria-se mãe.
Um casamento arranjado, ela mal tinha os 23. Quando pequena sonhou ser bailarina, toda feminilidade permitida e ainda mais, devorar o mundo só, assim como nascera, só.
Aos poucos foram limitando-a e com menos que 15 já sonhava o vestido o ideal, a música ideal.
Depois dos 15 arranjara um sujeito respeitável que ela chamava noivo. O sujeito passará os quarenta e cultivava falhas capilares, achando que ninguém as notará penteava os poucos fios de maneira à semi cobrí-las, para aumentar o efeito colocava doses de óleo para que ficassem parados a seu modo. Tinha um emprego na prefeitura e contava vantagens à garota, que sonhava uma casa de dois andares.
Antes dos 30 se achava feliz, já tinha dois filhos e caminhava ao terceiro, era uma bênção dos céus.
Antes do matrimônio ele a levava ao ballet, vez por mês. A empolgação era tanta que ela nem notava o homem dormir. Era tanta emoção o pas de deux, sentia-se ali, era tudo o que deseja pra si, mal respira ou piscava, os olhos chegavam a deixar escorres duas lágrimas, o corpo se inclinava e as mãos vinham a boca. Levantava e aplaudia aflita, como se aplaudisse um sonho.
Depois, veio o casamento, cansaço e o ballet fora sendo prometido sempre ao outro mês, depois ela parou de pedir, começou a colecionar filhos e contentou-se com a tevê.
Veio o primeiro casamento do filho e era ele fora de casa e então eram todos fora de casa. O sujeito não vivera pra ver o filho mais velho se formar, ou a menina no altar.
Ela ficou. A casa plana, sem cerca branca, sem filhos a depender, sem o vestido que havia sido passado à menina. Ela ficou.
Ela permaneceu sentada diluindo o dia, só.
Ela ficou. Depois de algumas horas, atônita na poltrona, uma lágrima fugiu do olho e a emoção pulsara, saiu um sorriso tímido, a muito sufocado: se descobriu bailarina!


-----

Já se desobriu?
Ou ainda espera a solidão a porta?

Eu?
Atriz. Codjuvante umas vezes.
Agora? Quem sabe..

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Psicografia.

Estou pensando em juntar minhas memórias, pegar todo aquele diário maltrapilho e fazer uma canção. Outrora pensei num soneto. Num diálogo com Chico, vi que não há solução para meu caso, para toda essa turbulência na minha cabeça que me toma de assalto: preciso de um tamborim.

Há discordâncias. E do batuque quero uma valsa. Do silêncio faço um sopro. E quero tudo de novo, tudo novo: da bossa quero um pouco, que samba é essência, toda cadência.

Entrar feito fanfarra que me reste ao menos a farra.. Espreitar, esse o jeito de me contar, o não-revelar. De memória, então, não resta nada, é tudo farsa, é coisa armada. Andou pensando em se assumir, por a timidez pra sumir.

Assovia por ai. A tragicomédia da garota do diário, das histórias sem drama, trama ou tramela, da personagem que sonha ser, e aquela que revela.
É por fim aquilo que fizeram dela. É toda farsa pintada em aquarela.

domingo, 12 de abril de 2009

;

As pessoas têm reações diferentes quando expostas a situações.

É toda uma convenção, um trato que tramaram. E assim fora. Ela sabia que as coisas aconteceriam inevitavelmente. Ela sabia, mas não evitou, talvez porque não houvesse mais tempo ou força de vontade. Se deixou levar, mergulhou.

Não sabe do medo dos raios ou da cicatriz da infância, se quer sabe da boa convivência com o silêncio, com o estar só.

Em meio à multidão senti-se só e isso vem de muito antes. Uma noite tudo fora diferente, alguém de muita luz surgiu e sua voz transbordou o recinto e parece que transformou toda a realidade de antes.

Ela é fraca, gritou. Ninguém deu atenção. Bobagem. Fora sempre resolvida e agora não sabe o que fazer, o que dizer, como agir!

Decidiu-se pelo pontoevirgular. A sutileza do pontovirgular. A calmaria, facilidade e a esperança que fica.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Omisso.

Não cante. Fora vetado os excessos.
Não grite. Exaltados o façam longe.
E assim, pouco a pouco restara: respire longe daqui.

****
Por mais que se faça ou tente contornar ela domina, caminha devagar, seduz e como sempre ilude. Domina primeiro a mente, eficaz que é, e torna o abandono impossível. Depois é corpo, é pele. Chega a transbordar pelos poros, torna revoltos os cabelos e enfim é transparente. Objeto conquistado. Objeto derrotado.
Agora é cama, é dor, é vergonha.