Ele me olha com paixão, a camisola de seda vinho, deixa ver minhas costas, minhas curvas, minhas coxas, eu de bruços no sofá. Beija-me inteira, a começar pelos pés, leva uma hora nisso, estou lendo o jornal. Desliza a camisola até o umbigo, fica admirando o fim das costas dando origem a bunda que forma covas, duas. Nosso delicioso silêncio.
Em pé ele me despe. Depois se despe. Nus, voltamos ao sofá, sexo. Continuo nua, a cotação do dólar subiu, o mundo está acabando, neva muito na Europa. Ele sempre se veste depois, não lhe agrada estar nu.
Sente ciúmes do sofá, do jornal, do estar nu, do jeito como lhe trato, meu desprendimento.
Chora aos meus pés, jura amor, fico em silêncio, por nós, ele se conta, se abre, implora.
Venha cá. Não precisa ir, pode dormir nos meus braços esta noite.
Te embalo com um samba e se caso uma lágrima molhá-lo, ao acaso você irá embora.
Não. Não é para sorrir com ternura, ou oferecer estes braços frágeis, você não me tem, me pertence, pertence à solidão. Você tem dois dias, três horas, é o meu máximo. Hoje tem uma noite.
Sou solidão.
Fico só, fique só, fique só comigo..
2 comentários:
Dois que compartilham do mesmo espaço vazio.
Gostei muito de seus textos... em especial, sobre este, escrevi algo "semelhante" aqui: http://eupassarin.wordpress.com/2010/01/24/fragmentos-de-escrita-semi-automatica-ii-sideracoes/
beijos, jeff
(volto mais vezes)
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